Este Blog...

É fruto da maneira como vejo o mundo. Aceitam-se discordâncias e divergências, sempre dentro de uma lógica de boas maneiras, claro!

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Friday, October 31, 2008

Ilhazinhas de acordes...

Retirado do site leadworship.com, não pude deixar de colocar este excerto de um artigo de Paul Baloche...

«Os rios adoram o mar. Movem-se constantemente, poucas coisas os poderão parar da persistente corrida até ao objectivo. Uma das poucas razões pelas quais o rio pára na sua jornada até ao mar é quando alguma coisa se atravessa no caminho. Quer seja um pedaço de tera, uma barragem feita por mãos humanas, ou uma alteração natural na paisagem, alguma coisa pára o fluir. A adoração de uma congregação pode ser comparada a um rio que se move em direcção a um mar chamado 'comunhão com Deus'. Quando as coisas fluem bem, a congregação poderá nem dar por nada. Mas quando as coisas não fluem, toda a gente percebe e pode sentir isso – a 'corrente' é aleatória, e as pessoas não sentem mais do que como se estivessem a ser lideradas de uma ilha de acordezinhos de guitarras e letrinhas de adoração para outra.»

Bem forte, não?

Tenham um óptimo fim-de-semana...

Incógnito

Na última segunda-feira fui um dos sortudos que esteve no Casino de Lisboa a ouvir uma das bandas que me diz muito mesmo: Incógnito. E que bela escolha para a noite de segunda-feira! Foi absolutamente memorável, um concerto que me deixou completamente boquiaberto e extasiado. 10 músicos de excelência, donos de vozes e mãozinhas que valem ouro, mas que em momento algum deixaram que o indivíduo passasse à frente do colectivo. Ou seja, nunca se sacrificou o som colectivo, o som de banda pelo 'estrelato' deste ou daquele, troca que, infelizmente, vamos vendo com cada vez mais regularidade no meio da música.

De facto, foi um concerto memorável e de qualidade superior. A única coisa que lamento é que não haja espectáculos destes com maior regularidade, ainda por cima completamente abertos ao público, como foi o caso.

Quando cheguei a casa depois do concerto (já um pouco tarde para quem no dia a seguir se ia levantar cedo...), fiquei ainda a pé a pensar na maneira como as coisas andam pelo mundo musical português. Ao longo destes anos já tive oportunidade de, na igreja, trabalhar com alguns músicos profissionais de excelência. A convivência com eles vai-me fazendo compreender que temos gente muito capaz no meio, embora muitas vezes vergada ao peso da falta de oportunidades. Creio que a origem do problema está na falta de gosto musical do povo português. A maior parte das vezes, para viver o músico é obrigado a fazer montes de trabalho com o qual não se identifica minimamente. Porquê? Porque é o que vende. E o que vende é o que dá dinheiro. E o dinheiro é aquela coisa de que todos precisamos.

Vamos mais a fundo. A educação. Porque não há mais e melhor educação musical na escola? Pois se está provado que o desenvolvimento das capacidades e conhecimentos musicais é ferramenta no desevolvimento intelectual de qualquer indivíduo, porque é que se continua a fazer da Educação Musical um parente pobre da árvore educativa portuguesa? Estaremos ainda na fase em que pensamos que não se pode dar mais formação nessa área porque iríamos roubar tempo às 'verdadeiras' disciplinas?

É esta a minha sugestão de hoje...porque não uma melhor e mais alargada educação musical nas escolas? E quem diz isso, fala também no uamento do tempo dedicado à Educação Física, aliado que poderá ser fudnamental para inverter a tendência de crianças e adolescentes cada vez mais obesos. Saibamos nós investir no futuro, e ele devolver-nos-à os seus frutos. A nós talvez já não nos devolva. Mas aos nossos filhos certamente.

Monday, October 27, 2008

Um país preso por arames II

A 4 de Junho escrevi um post em que dizia aquilo que me ia na alma em relação a este país. Por achar que hoje tenho mais algumas coisas a dizer (desculpem se usar ironia em excesso, mas...é mais forte que eu...) decido pegar no mesmo tema, colocar o mesmo título, mas com aquele sinal de sequela. Ora então aqui vamos nós...

O tempo passa e parece que nós, portugueses, estamos cada vez mais estranhos, como que a acompanhar a estranheza em que o próprio vai crescendo. Agora estamos em crise. Acho que desde 2000/2001 que não ouvimos falar de outra palavra. Nos entrementes, o mundo já esteve em recessão, voltou a ser um lugar próspero, e mais uma vez tornou à sua forma recessiva. Nós por cá somos muito regulares e previsíveis. Crise, crise e mais crise. Por 3 a 4 vezes se anunciou com pompa que 'a crise acabou'. Lembro-me perfeitamente de 2 delas. Uma foi-nos proporcionada pela dupla Santana/Bagão (resultado: governo demitido, eleições antecipadas e....crise ainda mais profunda...). A segunda, mais recente, foi patrocinada pelo duo Sócrates/Teixeira dos Santos (resultado: desta vez não só ficámos nós em crise como arrastamos todo o restante mundo atrás de nós...só ao alcance dos bons, hein?). Antes que apareça a terceira dupla sebastianista, peço contenção e moderação, porque parece que a esta cadência, da próxima vez que se anunciar que o país, 'oficialmente', saiu da crise, vamos ter o fim do mundo ou coisa que o valha. Prudência, portanto...

Agora mais a sério. É interessante olhar para trás e perceber que muitos dos problemas que nos assolavam se mantêm intactos. As famílias vivem em grandes dificuldades, especialmente ao nível da classe média/baixa. Por incrível que pareça, há gente a trabalhar todos os dias que ganha menos do que muitos que não trabalham. Não me parece concebível. E também não me parece minimamente lógico que existam 20 mil milhões de Euros para a banca dispôr quando necessitar, e não haja dinheiro para aumentos condignos, no ordenados, nas pensões, nas reformas e por aí fora. Vi no último Domingo uma reportagem na televisão que contava a história de uma mãe solteira que deixou de trabalhar para poder acompanhar a filha, portadora de uma deficiência rara incurável, nos muitos tratamentos a que é submetida. Sabem com quanto dinheiro vive esta família por mês? 300 euros... É normal? Não creio...

Resta-nos a certeza que continuamos a ter um povo que, apesar dos seus muitos defeitos, continua a ser solidário. Resta-nos a tal 'alegria da pobreza', essa tal alegria que está na 'grande riqueza de dar e ficar contente'.

Sei que este post é bem menos irónico que o outro. Também tenho noção que desta vez nomeei algumas pessoas. Não o faço para colocar nelas a total responsabilidade (alguma terão, como é óbvio...). Peço que não leiam este texto como um ataque a este ou àquele, mas como um texto escrito por alguém que gostaria imenso de ver o país a seguir, definitivamente, em frente, não esquecendo quem para trás fica. Que assim seja.

Thursday, October 23, 2008

Igualdade

Tudo começa nesta frase...

«Faz mais falta (...) um intérprete a acompanhar um surdo numa estação dos CTT ou um guia turístico num museu nacional a guiar um estrangeiro?»

Isto incomodou-me. E ainda bem. Incomodou-me que, até hoje, não tivesse olhado para a igualdade desta forma. Li esta frase quando dava mais uma vista de olhos (leia-se, lia!) o livro da minha querida Mafalda Ribeiro (Mafaldinha), o já bem conhecido do público 'Mafaldices'.

Confesso que já há algum tempo que não lia nada que me fizesse 'saltar os olhos da órbita' e voltar atrás para pensar bem no que acabara de ler. Esta frase teve esse efeito em mim. Afinal de contas a igualdade é alguma coisa que todos reivindicamos esporadicamente, mas da qual nos esquecemos diariamente. Como sempre acontece, achamos ultrajante sermos considerados diferentes, mas esquecemo-nos desgraçadamente dos 'diferentes' quando estamos no 'topo da cadeia alimentar'. Estranho? Um pouco. Mas não deixa de ser revelador da natureza humana e da sociedade que NÓS próprios criamos.

Um guia num museu a falar inglês, alemão, italiano, espanhol e por aí fora. Se formos a um museu e virmos esta imagem nem lhe ligamos. Afinal de contas é normal. Mas um intérprete num serviço público, disponibilizando tradução a quem, por alguma razão, não pode ouvir talvez já fosse algo digno de nota, comentário, ou longa dissertação? Estranho? Não muito. Já fui compreendendo que, para lidar com a diferença, todos temos de perceber que somos diferentes. Afinal esta é uma das grandes riquezas da Humanidade. É que Deus criou-nos numa singularidade absolutamente notável. Cabe a cada um descobrir o quão notável é a singularidade do parceiro do lado. Seja ele quem for.

Wednesday, October 1, 2008

Em plena crise...

Sem portátil há já algumas semanas e com pouco tempo de internet por dia, confesso que gostaria de já ter comentado esta crise que vivemos. Mas como mais vale tarde (embora isto ainda vá dar pano para mangas...) que nunca, cá vai disto.

Estamos consumidos. Pela crise, pelas preocupações que ela causa no seio famílias, pela aparente ( e talvez real...) incapacidade do mundo política para lidar com ela e com as suas repercussões, pelo pânico que, volta e meia, se gera em quase todos os sectores. Difícil é um adjectivo que se torna curto para nomear os dias que as famílias (creio que especialmente estas) vivem. Às vezes, mais lancinante que a dor da crise actual, é a incerteza daquilo que o amanhã pode ou não trazer. Vivemos exactamente neste ponto. Sentem-se os efeitos da crise económica/financeira, mas mais grave que isso é a incerteza e a falta de confiança em relação aos tempos que aí vêm.

No meu entender, um ponto é certo. O mundo económico terminou tal como o conhecemos. Não sei quanto mais tempo demorará o Estado a compreender que tem de assumir o papel de regulação forte e implacável, único forma de fazer sobrepor o bom senso à crescente ganância dos mercados e investidores. Mas talvez o Estado futuro não tenha apenas este papel regulador. Talvez lhe esteja destinado um papel importante na prestação dos serviços sociais básicos (educação, saúde, segurança social), embora a tendência europeia seja a de passar estas responsabilidades para os privados. Talvez lhe esteja destinado o voltar a tomar conta daquilo que são serviçoes prioritários de serviço ao cidadão, voltando a compreender que há responsabilidades que o Estado não pode entregar a outros, mas que têm de ser interpretadas e executadas pelo próprio.

E não esquecer que há famílias que sofrem com dificuldades crecentes desde há 7/8 anos a esta parte. É preciso que não aconteça o mesmo que tem acontecido durante este tempo, ou seja, que sejam estes, novamente, a pagar o preço da crise. Porque senão corremos um grande risco. É que em vez de estarmos a caminhar para a convergência europeia, às vezes parece que caminhamos para o modelo social sul-americano. Pouca gente muito rica, muita gente muito pobre. E classe média? Um mito...pouco mais que um mito...