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É fruto da maneira como vejo o mundo. Aceitam-se discordâncias e divergências, sempre dentro de uma lógica de boas maneiras, claro!

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Wednesday, December 30, 2009

Sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo + adopção, parte III

A discussão no Facebook já vai longa, portanto vamos lá recentrar a questão, se me é permitido...

1.Não sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que não quer dizer que tenha de os perseguir impiedosamente com uma cruz na mão gritando 'vai de retro, Satanás', nada disso.
2.Não sou a favor da adopção de crianças por casais homossexuais. A questão que levantei tinha um único propósito: descobrir o contrasenso da argumentação dos que defendem o casamento, mas que não vão legalizar a adopção, apenas e só isso...

E a minha posição tem uma lógica. Não sou acusador nem moralizador da sociedade, pelo que nunca andarei por aí a levantar a alguém ou a alguma classe de pessoas, sejam eles quem forem. Isso não quer dizer que me coloco ao lado dos seus comportamentos. Por exemplo: quando alguém visita um assassino a uma cadeia, para o ajudar a encontrar o seu caminho em Deus, está a apoiar o assassinato que essa pessoa promoveu? Não, está, isso sim, a trazer uma nova esperança, e a fazer aquilo que Jesus sempre fez: dar uma oportunidade àqueles que a sociedade escorraçou. Não comparo um assassino a um homossexual, mas ao dizer que deveriamos ter as nossas portas abertas àqueles cuja sexualidade difere da nossa, apenas estou a dizer aquilo que creio que Jesus faria. Sim, eu creio que ele se daria com os homosseuxais, porque eles precisam tanto do amor de Deus como eu. O exemplo da mulher adúltera é taxativo. Quando Jesus disse 'aquele que nunca errou, que atire a primeira pedra' estava a declarar que o adultério já não era pecado? Não, estava sim a dar uma nova oportunidade àquela mulher, que de outra maneira teria sido morta naquele lugar.

Quantos homossexuais já não foram 'mortos' para um relacionamento com Deus porque a nossa atitude enquanto embaixadores é a que é? Quantos já não viram esfriar ou desaparecer um desejo de perceber quem Deus é, porque a Igreja não é capaz de responder, de os receber, de os ajudar, como fazemos com tantos outros tipos de pessoa? A igreja, que deve ser inclusiva, tornou-se um pólo de rejeição para estas pessoas? Será isto correcto?

Quanto à adopção. Reafirmo que não sou a favor. Não devido à questão educativa, mas porque não acredito na homossexualidade como um estilo de vida, logo não acredito que daí possa surgir uma família no seu pleno direito. A única coisa que afirmei foi que acredito ser contrasenso propôr-se uma coisa sem se propor a outra. Se o grande argumento para se legalizar o casamento é o da igualdade de direitos, então também deveriamos permitir que essa igualdade incluisse a adopção. Também não sou hipócrita. Mesmo não acreditando na homossexualidade como estilo de vida, creio que muitas das crianças orfãs e rejeitadas que vivem nas instituições, viveriam melhor em lares, mesmo sendo estes de casal homossexual. Volta a dizer que com isto, não me declaro a favor. Apenas estou a explanar a fraca qualidade do argumento da igualdade de direitos.

De resto, só a acrescentar o quão desastrosa é a nossa linguagem no que toca aos homossexuais. Se a única coisa que temos a responder-lhes é 'o teu estilo de vida é errado, vais arder no Inferno', então se calhar está na altura de nos calarmos. Ou talvez de adoptarmos uma nova linguagem. Sem nunca abdicarmos dos princípios que vêm escritos na Bíblia, obviamente

Tuesday, December 29, 2009

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, parte II

Há um contrasenso tremendo no maior argumento a favor da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O argumento em causa é o que diz que 'não devemos vedar a alguém um direito (neste caso o casamento) apenas porque a sua opção, seja ela sexual ou de outra ordem, é distinta. É um argumento que tem o seu quê de validade, embora possa ser perigoso se adoptado para todas as áreas, gostos e tendências que proliferam na sociedade. Mas não é por isso que deixa de ser um argumento lógico, se o restrigirmos, claro, apenas à perspectiva relativa à igualdade de direitos. Dizia eu que há um contrasenso. Qual é ele? É simples. Então se vamos legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, porque não legalizamos a possibilidade de adopção de crianças por parte dessas mesmas pessoas? Ou será que vamos criar um casamento de primeira (o heterossexuaal) e um casamento de segunda (o homossexual)? E se sim, será que isto é a tal igualdade de direitos de que falávamos há pouco?

Não deixa de ser estranha esta opção. Não sou defensor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas tenho de reconhecer que deixar as coisas a 'meio caminho' não será uma grande solução. Dizem uns que 'até ao fim da legislatura a situação será aprovada'. Até ao fim da legislatura são, talvez, 4 anos. É o mesmo que rebentar um cano na minha rua, a companhia das águas ir lá resolver, instalando metade da canalização nova e deixando a outra metade por arranjar. Aquilo que hoje parece uma solução 'mais ou menos', amanhã pode dar origem a uma nova rotura...é isso que vai acontecer neste caso também.

No meu entender, modesto diga-se, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma deficiente aplicação do conceito de igualdade de direitos. E a questão principal é que não podemos tratar duas coisas distintas (casamento hetero e homossexual) da mesma maneira. O casamento heterrossexual será sempre firmado no conceito de formação de família, o que, entenda-se, pressupõe filhos, algo que, como sabemos nunca poderá acontecer com os casais homossexuais, excepto situações de adopção e/ou fertilização in vitro (no caso das mulheres). Ora, ao vedar o acesso à adopção a estes casais, estamos a bloquear uma das 'coisas positivas' que estes casamentos poderiam trazer: um lar para crianças sem lar. Estranho...?

Como disse no post anterior, é altura de a Igreja deixar de ser contra e mostrar-se mais a favor. Estamos a falar de pessoas que, durante anos, décadas, séculos, foram mal tratadas pela Igreja, sobre o peso da espada da lei. É tempo da 'Graça' chegar a eles também. Será que o seu estilo de vida é o mais correcto aos olhos de Deus? Pelo que diz a Bíblia, não o será. Mas o meu também não é. Peco, tal e qual como eles. Mas Deus derramou a Sua Graça e o Seu favor, e isso para mim é mais do que suficiente, tal como será para as suas vidas. Assim queiramos nós ser a verdadeira embaixada de Cristo na Terra e assumirmos o nosso papel de facilitadores da comunicação entre Deus e o Homem, apresentado a sua mensagem sem condenação, antes com a certeza de que ela é poderosa, libertadora e a única capaz de devolver ao Homem a dignidade com que Deus nos criou.

Thursday, December 17, 2009

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo

Nota prévia: Separemos as águas. O Governo aprova o casamento entre homossexuais numa altura em que se sente ‘apertadinho’ de todos os lados’. Ou são os números da crise (especialmente o défice e o desemprego) que são absurdamente elevados, ou é o Presidente que não faz a vontade ao Governo, relembrando-o que tem de governar mais e queixar-se menos, ou é a oposição que faz contra-governo e aprova medidas contrárias à vontade do mesmo. Portanto, é óbvio que a pressa revelada nas últimas semanas tem como um dos objectivos descentrar a discussão política no país para um campo onde o Governo se sente à vontade. Passemos então àquilo que me levou a escrever


Está preparado o caminho para a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por várias razões, não creio que este fosse o timing correcto. Em primeiro lugar, fazê-lo numa época como o Natal, pode ser encarado como uma provocação aos Cristãos (se bem que acredito que não fosse essa a intenção). Em segundo lugar, a pressa impediu que ocorrese o debate que a questão merecia. Tal como aconteceu com o aborto, esta questão merecia ser debatida na sociedade (com ou sem referendo), porque isso levaria a que aqueles que são contra não apenas se manifestassem, mas agissem em defesa da família, tal como aconteceu com o aborto, onde após o referendo surgiram inúmeras associações de ajuda e apoio a mães solteiras, adolescentes ou sem condições para terem uma criança. Creio que o debate teria novamente esse efeito. O resultado seria o mesmo (leia-se: a legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, na mesma), mas com a vantagem de haver uma discussão clara e fundamental sobre a família, como a proteger e como conseguir que ela continue a ser o pilar que tem sido ao longo dos séculos.

Àparte algum oportunismo do Governo, creio que a questão merece os nossos pensamentos sérios e despidos de preconceitos. É óbvio que todos os cristãos se colocam em posição contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas também é óbvio que a Igreja pouco tem feito para proteger o modelo de família como o conhecemos. Quantos espaços criámos nas nossas igrejas para casais com dificuldades? Quantas vezes ensinámos as pessoas sobre como gerir a sua família, quer no planeamento da mesma, quer na área financeira, quer na educação dos filhos? Quantas vezes nos levantámos contra a crescente desfamiliarização da sociedade, visível no número de horas (poucas!) de que alguém comum dispõe para passar com a sua família, ou nos sempre crescentes e sempre implacáveis impostos que teimam em sufocar milhares e milhares de orçamentos familiares? A resposta é poucas vezes. Nunca nos temos lembrado da família, ou quando o temos feito é apenas por uns instantes, mas agora aparecemos como paladinos da verdade sobre a mesma. Será que é esse o papel da Igreja, mera moralziadora da sociedade e anotadora dos seus defeitos e virtudes?

Não sou favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas também não contam comigo para a ostracização dessas mesmas pessoas. O que faria eu quando um homossexual entrasse na minha Igreja? Será que ele não precisa tanto de Deus como eu? Então porque é que o haveria de ostracizar? Porque haveria de vedar o acesso de alguém à graça de Deus? É por isso que não me levanto. A Igreja tem sido omissa em tantas questões em que não o poderia ser. Na fome, na pobreza, na injusta e desproporcionada distribuição da riqueza, na falta de apoio àqueles que mais precisam, no apoio à família e na presença durante as crises familiares. Porém, essa mesma Igreja tem sido lesta na disciplina, na ostracização, no apontar o dedo, na regulamentação excessiva daquilo que eu posso e não posso, daquilo que eu devo e não devo, no amaldiçoar, no fechar as portas da Casa de Deus a gente que por causa disso NUNCA vai poder conhecê-Lo. Mas isso já não é grave, pois não? Isso já não é grave…

Não me levanto. E coloco-me a jeito para a crítica, eu sei. Não me levanto contra, mas levanto-me, isso sim, a favor. A favor de um Deus que derrama graça e justiça. A favor da família que Deus criou. A favor de uma Igreja que se levanta e actua. A favor de uma Igreja que inclui toda a gente e apresenta Deus tal e qual como Ele é: infinitamente bondoso, gracioso e amoroso. E é a favor desse Deus que eu me levantarei.

Wednesday, December 16, 2009

Mais do que um 'Bom Natal'

Mais do que o bacalhau, o perú, o polvo ou a carne à alentejana. Mais do que o beijinho ao pezinho do menino Jesus (interdito este ano de forma sábia...), que a missa do galo, que a procissão da terrinha ou os santinhos em fila indiana. Mais do que a família, o quentinho da lareira, o velhote de barbas que teima em aparecer em todo o lado (mas a que velocidade é que ele se reproduz?) ou mais que aquela música do Michael Bolton que é literalmente despejada em todos os sítios onde há uma aparelhagem e música ambiente. Mais do que as prendinhas no sapatinho, na árvore de Natal, à meia-noite ou de manhã, trocadas uns pelos outros ou dadas pelo tal velhote (olha, lá está ele outra vez!). Mais do que os pares de meias da avó, que a caixinha de bombons ranhosos da Tia de 90 anos da Beira, que as camisolas horipilantes da senhora do 3º esquerdo ou que o aquecedor de joelhos em dias de Verão. Mais do que a música do Kenny G, mais o seu saxofone que escorre azeite, que os dias de frio que enregela os ossos, as noites passadas agarrado ao aquecedor e a humidade que me faz espirrar a cada 3 segundos.

Mais do que este circo em que transformámos o Natal, onde é mais importante a bem-parecença daquilo que eu dou do que aquilo que eu faço em prol de...mais do que apenas ser um solidário datado, tão amigo dos pobres e desfavorecidos nesta altura, mas tão amigo de mim mesmo nos outros dias todos...mais do que a incapacidade que eu sinto de mudar o mundo a cada vez que abro o jornal...mais do que tudo isso...

Eu espero, sinceramente, que cada um de nós se lembre do que é o Natal. E o Natal não é a tradição, nem a família, nem os presentes, nem o velhote de barbas (teimoso, lá está ele a aparecer outra vez), nem a Popota, nem a correria, nem as compras, nem a consoada, nem a manhã de 25. O Natal é Cristo. É a celebração de um acontecimento, um nascimento que não é apenas histórico, mas que é um potencial transformador da minha e da tua vida.

É por isso que eu não desejo apenas um 'Bom Natal'. Desejo, isso sim, um Natal alegre, feliz, com aqueles que mais amamos e com todas aquelas boas de que todos gostamos. Mas, mais do que isso, desejo um Natal que recorde e honre o nascimento daquele que viria a dar a vida por nós. É isso que desejo. Que o teu e o meu Natal seja Cristo. E que tudo o resto seja um acrescento. Um belo, feliz e quente acrescento.

Wednesday, December 9, 2009

A preguiça e os desafios

Estou com preguiça de escrever. Tenho ideias, boas ideias, mas estou preguiçoso...

Deixem-me só dizer uma coisa, como que numa de dar a volta a esta preguicite aguda. Nunca virar a cara a um desafio é das coisas mais difíceis mas também das mais recompensadoras da nossa vida. Aprender a viver em permanente desafio é chave para o nosso crescimento. Por isso, tomem o vosso desafio, enfrentem-nos. Enfrentem os medos e as incapacidades. Enfrentem essa terrível maneira de estar que coloca o conforto acima de qualquer outra coisa. Enfretem as vossas frustrações ou medos de derrota. Peguem o desafio pelo mesmo sítio por onde se pegam os touros. E verão que, apesar das feridas e escoriações, vão acordar numa vida muito melhor do aquela que teriam no vosso sofá.

É um conselho de amigo...